O que é Crisma ?

Crisma ou a Confirmação é um sacramento da Igreja Católica em que o fiel recebe através da ação do bispo uma unção com o Crisma (óleo).

terça-feira, 26 de abril de 2011

PÁSCOA JUDAÍCA E PÁSCOA CRISTÃ: UM DIÁLOGO ENTRE A FÉ E A CULTURA PARA RESGATAR A NOSSA ORIGEM

  Estamos na Páscoa, tempo de Vida Nova, festa da Vitória !
      A Vida vence a Morte !



      Diante dessa festa tão importante, precisamos voltar às origens para celebrarmos esse momento fundamental da nossa vida cristã. Antes de tudo nos deparamos com a experiência da morte, que nos surpreende com sua chegada intempestiva, levando todos aqueles que estavam unidos a nós por vínculos de afeto.
      Desde os tempos mais antigos das culturas da humanidade há questionamentos sobre a morte: vamos continuar vivendo após a morte? Como seremos? Para onde vamos? Entretanto, somente a religião cristã, nenhuma outra cultura viu a possibilidade da ressurreição da pessoa como tal.
      As interrogações sobre o que há após a morte tira o "sono" de muita gente, porque bem sabemos que o homem tem, no mais profundo de seu ser, o desejo de ser eterno e procura, em sua cultura, símbolos que falem da sua esperança numa outra vida. Não podemos deixar de lembrar que a realidade latino-americana é marcada pela opressão e morte dos pobres. A vida de milhões é aniquilada lentamente por estruturas injustas.
      Nessa união de fé e cultura destacamos a festa da páscoa, festejada de formas diferentes nas diversas culturas, evocando tradições anteriores aos ritos judaicos.
                          ORIGENS DA FESTA DA PÁSCOA
      A festa da páscoa tem origem numa tradição judaica, muito antes da vinda de Cristo. Era uma festa que recordava momentos significativos do povo hebreu (judeu). Inicialmente começou com a cerimônia das primícias, apresentava-se a Deus o primeiro feixe da colheita ( Lv 23, 9-14).
       Outro momento significativo é a páscoa da libertação, que é a passagem do Senhor (Ex. 12,11), passagem de Deus na figura do anjo exterminador que passou, adiante, ao ver o sangue do cordeiro sobre os umbrais das portas das casas habitadas. Páscoa neste sentido significa a libertação do povo na situação de morte entre o mar vermelho e o exército inimigo. O terceiro momento era o rito da imolação do cordeiro e a atitude de comer pães ázimos que recordava o grande acontecimento da libertação no Egito e da aliança no Sinai, bem como a entrada na terra prometida.
                       SÍMBOLOS E ESPERANÇA
      A páscoa de Cristo tem um significado profundo, apesar da correspondência com alguns símbolos da páscoa judaica: como Ele ressurgiu três dias após sua morte, todos ressurgirão para a vida eterna. E a páscoa para os cristãos é a festa da esperança na vida eterna. Temos os símbolos cristãos que evocam um novo desabrochar da vida, uma passagem da morte para a vida, através da ressurreição.
      Vejamos como exemplo os ovos da páscoa que representam o sepulcro que liberta a nova vida. As tradições comuns aos cristãos são a bênção do fogo novo, as velas ou círio, símbolo de Cristo ressuscitado, o pão enfeitado porque é alimento que sustenta a vida. Páscoa para os Judeus é vida e liberdade; para nós cristãos é vida e ressurreição.
      Na páscoa cristã e Judaica, existem símbolos comuns: o cordeiro sem ossos quebrados e seu sangue, marcando o povo para uma nova realidade de mudanças e libertação em meio a toda opressão. Cristo é o cordeiro imolado que salva a humanidade com seu sangue onde nenhum dos seus ossos foi quebrado.
PESSACH :PÁSCOA DOS JUDEUS
       A páscoa judaica é chamada pessach, que significa libertação e lembra o episódio do Êxodo quando os Judeus eram escravos no Egito. Para os judeus, a páscoa é celebrada no primeiro dia de lua cheia do primeiro mês do início da primavera e dura sete dias. É a festa mais importante onde comemora-se a liberdade e a identidade judaica, permitindo a sobrevivência desse povo por longos séculos através dos ritos.
      A pessach é uma festa tipicamente familiar. No dia anterior à celebração faz-se uma profunda limpeza da casa, procurando não deixar nada de fermentado, queima-se o lixo para ensinar as novas gerações, que só é permitido comer pães ázimos, seguindo a prescrição do livro do Êxodo. A cabala ensina que o fermento representa as imperfeições morais e as tendências negativas do homem. Da mesma forma que a massa fermentada enche-se de ar e cresce, assim também é o homem que se enche de vaidade, vazios. O pão ázimo lembra também aos judeus a pressa que seus antepassados tiveram que lutar pela sua saída do Egito.
                     SEDER - A CEIA DOS JUDEUS
       No pôr-do-sol, tem início a festa que consiste numa ceia chamada seder palavra que significa ordem, porque ela se desenvolve, segundo um ritual secular. Na ceia, é lembrado a libertação do povo da escravidão no Egito, transmitindo a importância dessa memória numa catequese que se refere a história do povo judaico.
       A cerimônia do seder inicia-se com a bênção do vinho ou kidush, que se bebe enquanto uma criança faz perguntas rituais sobre o sentido do pessach. As respostas são dadas pelo chefe da família, enquanto são colocados alimentos na mesa: o pão ázimo, as ervas amargas, o cordeiro assado e um ovo que representa a destruição do templo de Jerusalém.
        Na refeição são tomadas quatro taças de vinho. Após a refeição, as crianças procuram a sobremesa ou afikoman, que é escondida pelo pai no início da cerimônia. O doce é distribuído para os presentes na celebração, que depois não poderão tomar nada de sólido até o fim da noite. Depois vem a bênção de ação de graças e é tomado mais uma taça de vinho, que é dedicada ao profeta Elias.
       O final da celebração do seder é apresentado uma série de canções e melodias, na qual a última é denominada "No ano que vem em Jerusalém" que é um voto de esperança que expressa o que está no coração de todo Judeu: que se restabeleça o Reino de Deus e que Jerusalém seja o símbolo, mesmo incompleto, da vida nos tempos messiânicos.
                JESUS E A FESTA DA PÁSCOA
       Depois de tudo isso cabe-nos lembrar que desde o início de sua vida, o Divino Salvador se inseriu na vida religiosa do seu povo. Ele não podia deixar de viver e fazer uso de todo tipo de rito dos Judeus, incluindo a celebração da páscoa, para assim perpetuar a verdadeira páscoa. Desse modo, o Salvador, antes de deixar este mundo e voltar para o Pai, instituiu um rito, para a verdadeira passagem do homem deste mundo para o Pai, através de sua morte redentora.
       Não temos dúvida que Jesus celebrou a páscoa Judaica. Mas em seguida nasceu um novo rito em sua memória, a memória de outro fato histórico que havia de realizar: sua própria morte. "Fazei isto em memória de mim"(Lc 22,19) onde significava "sede vós, o meu exemplo, corpo dado e sangue derramado em favor de vossos irmãos".
       Podemos concluir que a ressurreição é um aspecto do Reino de Deus que se dirige à pessoa inteira, é um novo mundo, uma nova criação, é o tempo- que há-de-vir, que existe vida - após - a morte nas ações do Salvador: saúde para os doentes, vida para os mortos, boas novas de libertação para os pobres.

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